CARL GUSTAV JUNG NO BRASIL 11 de abril de 2018 Carl Gustav Jung(1875-1961) foi o expoente mais promissor da psicanálise, reconhecido por Sigmund Freud como seu principal legatário. Porém, devido a desarmonias ideológicas, foi divergindo de muitos conceitos constitucionais da psicanálise freudiana, afastando-se e criando uma teoria original que buscava uma melhor compreensão sobre a psique e as atitudes humanas. Jung teve a coragem – ação do coração – de submergir no seu inconsciente e reconhecer que a vida é uma expressão criativa da singularidade individual na pluralidade coletiva. Seus estudos e principalmente suas experiências e suas vivências, subjetivas e objetivas, foram a pedra angular para a criação da psicologia analítica. Atualmente, além da escola clássica, que mantêm uma maior fidelidade aos postulados de Jung, temos subsídios de neo-junguianos que criaram as escolas arquetípicas e desenvolvimentistas. No passado, profissionais de várias partes do mundo se dirigiram para a Suíça em busca da vivência e do conhecimento desta teoria. E, aos retornarem à seus países de origem ou por imigrarem para novos países, foram criando grupos e sociedades para divulgar e formar novos psicoterapeutas. A psicologia analítica de Carl Gustav Jung no Brasil, é muito jovem porém, apesar das várias conseqüências desastrosas da globalização, que pode produzir mais exclusão social e a perda das referências culturais, um ganho secundário fantástico é a possibilidade da aquisição do conhecimento. Com isso, atualmente, ninguém pode dominar um conhecimento, nem fazer patrulhamentos ideológicos sobre ele. O acesso às informações está cada vez mais fácil e certamente, nesta nova sociedade, quem tiver mais informações, tem mais poder – no seu sentido latino: potere = ser capaz. Somente em 1977 que começou a se organizar, aqui no Brasil, a primeira sociedade para estudos e divulgação desta prática e deste conhecimento tão rico e valioso para a humanidade. Nesta época o casal Leon e Jette Bonaventure criaram seminários na cidade de São Paulo, lançando livros de analistas junguianos famosos bem como se iniciou, pela editora Vozes, a publicação das Obras Completas de Jung que, infelizmente, até o início de 2002 ainda não está totalmente publicada. Anteriormente, no Rio de Janeiro, a Dra. Nise da Silveira, em 1957, foi para a Suíça apresentar seu trabalho com pinturas de psicóticos refratários, aos tratamentos convencionais, no intuito de comprovar a existência do Inconsciente Coletivo, material que agregou e contribuiu para a validação desta teoria de Jung. Nesta mesma época ela iniciou grupos de estudos junguianos na Casa das Palmeiras. A obra de Jung foi ganhando espaço e reconhecimento, motivando um número cada vez maior de simpatizantes e estudiosos. A academia não podia mais ficar omissa a esta crescente demanda e, paulatinamente apesar de acanhadamente, foi incluindo as contribuições de Jung nas aulas de teorias e técnicas psicoterápicas. Atualmente são raros os cursos de psicologia ou de especialização em psiquiatria que não dedicam, pelo menos, um semestre consagrado à teoria junguiana. Atualmente nós temos, no Brasil, várias sociedades que estudam e divulgam a obra de Jung. Em quase todas as capitais do país encontramos grupos articulados se aprofundando neste conhecimento tão vasto e enriquecedor. Temos vários cursos de pós-graduação, capacitando especialistas e já é grande o número de dissertações de mestrado e de teses de doutorado que fazem de Jung a referência teórica principal. Com isso, o conhecimento e a prática da psicologia junguiana está se tornando uma base fundante nas práticas psicoterápicas, não podendo ficar restrito à confrarias que de forma sectária, econômica e culturalmente, pretendem monopolizar esta ciência e esta arte. Jung tinha uma atitude completamente includente, não postulava a formação de partidários cegos, assim como abominava a busca de poder pelo poder, sem amor e sem a entrega irrestrita e abrangente para a vida e seu significado, evitando sempre as exclusões ideológicas e mercantilistas. * WALDEMAR MAGALDI FILHO (www.waldemarmagaldi.com). Psicólogo, especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática e Homeopatia. Mestre e doutor em Ciências da Religião. Autor do livro: “Dinheiro, Saúde e Sagrado”, coordenador dos cursos de especialização em Psicologia Junguiana, Psicossomática, DAC – Dependências, abusos e compulsões, Arteterapia e Expressões Criativas e Formação Transdisciplinar em Educação e Saúde Espiritual do IJEP em parceria com a FACIS. wmagaldi@gmail.com